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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Entrevista sobre Terapia Ocupacional em Geriatria

SaudeAqui.com: Quais os métodos utilizados na terapia ocupacional voltada para idosos?

Izana Lopes: Depende de cada patologia: Alzheimer, Artrite, Artrose, etc. Para Alzheimer são utilizados exercícios que trabalham a memória: jogo da memória, nomes da família, de objetos, cores, trabalhos relacionados a pintura, quebra-cabeça. Para o paciente que tem Artrose é diferente. A Terapia Ocupacional trabalha com exercícios que estimulam a mão, a “pinça”. Os recursos terapêuticos usados são jogos de dama, xadrez, que o paciente tem que levar as peças à pinça fina, formada pelo dedo indicador e o polegar. Muitas vezes se usa feijão e macarrão. Também se fazem exercícios como alongamento, para ele voltar a escrever, digitar, etc. São atividades expressivas, perceptivas, cognitivas e lúdicas.

SaudeAqui.com: Quais os reais objetivos desses exercícios?

Izana Lopes: Buscar o máximo da memória do idoso, estimular as funções cognitivas, como linguagem, raciocínio, atenção e também estimular as habilidades motoras e sensórias, como movimento, olfato, paladar, visão. Ele tem que procurar pensar, raciocinar, se concentrar e memorizar aquelas figuras, aqueles objetos ou aqueles nomes que estão ali para estimular a memória, já que o Alzheimer ataca justamente esse ponto.

SaudeAqui.com: Quais são as principais queixas de um idoso que procura a Terapia Ocupacional?

Izana Lopes: Para o idoso com Alzheimer a queixa principal é a perda de memória. Para Artrite e Artrose, é a dor, a dificuldade de flexionar os dedos, de segurar um objeto.

SaudeAqui.com: Quais os principais resultados da terapia a curto e longo prazo?

Izana Lopes: Para um paciente com Alzheimer, a resposta vai ser mais demorada. A curto prazo é muito pouco o resultado apresentado. Se a pessoa teve alguma lesão na mão, passou por uma cirurgia e quer voltar a escrever, por exemplo, existe uma reposta a curto prazo. Mas Artrite, Artrose, Alzheimer, tudo é a longo prazo.

SaudeAqui.com: Em que atividades os pacientes recebem mais acompanhamento na terapia?

Izana Lopes: Com idoso, a gente trabalha muito as Atividades da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AVDI). As AVDs são tarefas que a gente faz no dia-a-dia em casa, como trocar de roupa, escovar os dentes, pentear os cabelos, comer. As AVDIs são atividades fora de casa, com ir ao supermercado, pagar um conta no banco, fazer compras. Para todas essas atividades, a gente também auxilia os pacientes e seus familiares.

SaudeAqui.com: Como deve ser a terapia preferencialmente: em grupo ou individual?

Izana Lopes: Depende. Se você está trabalhando com um grupo, ele tem que ter a mesma patologia e idades próximas, por exemplo, idosos de 60 a 65 anos com Alzheimer. Não adianta colocar uma pessoa de 50 anos com uma de 70, porque não vai haver desenvolvimento. No caso do Alzheimer, o paciente de 50 anos pode acelerar o processo de perda de memória se estiver sendo acompanhado junto ao paciente de 70. Quando o paciente apresenta uma patologia diferente ou uma idade diferente dos grupos, deve ser atendido individualmente.

SaudeAqui.com: Como a terapia influi no tratamento geriátrico?

Izana Lopes: O geriatra vai fazer uma avaliação no paciente e dependendo da patologia do idoso, ele vai ou não indicar a Terapia Ocupacional. Então, o terapeuta vai ajudar de acordo com o diagnóstico que o geriatra deu. Ele diagnostica a doença de Alzheimer e verifica se o paciente já não é acompanhado por um psicólogo, um terapeuta, um fonoaudiólogo, e encaminha para o profissional que o idoso necessita naquele momento.

SaudeAqui.com: Que ambientes são mais indicados para a Terapia Ocupacional do idoso?

Izana Lopes: Uma sala ampla, arejada, onde o paciente se sinta à vontade. A gente trabalha mais o paciente, então ele tem que estar num ambiente onde ele se sinta bem. Na maioria das vezes, por exemplo, eu atendo à domicílio. O paciente está em casa, que é o ambiente dele.

SaudeAqui.com: Existe algum acompanhamento também para a família?

Izana Lopes: Existe sim. Nós sempre damos um auxílio à família. Às vezes ela não sabe como lidar com o paciente, porque não sabe até que ponto ele vai lembrar do filho, da esposa, do marido, da casa, então esse é o atendimento que a gente pode dar à família. Explicando até que ponto o paciente pode chegar e as surpresas que a família pode ter de como o paciente vai agir, como ele vai se comportar. Também damos muitos conselhos de adaptação para melhorar a vida do idoso.

SaudeAqui.com: Se o idoso apresenta uma melhora com a terapia, ele deve continuar ou já pode parar?

Izana Lopes: No caso do paciente com Alzheimer, é aconselhado haver sempre uma continuação, porque o Alzheimer provoca uma perda de memória gradativa. Se a doença foi estabilizada num ponto e o atendimento continuar, essa estabilidade vai ser mantida. O paciente não vai recuperar a memória que já perdeu, mas vai retardar o processo de perda da memória dali em diante.

SaudeAqui.com: Quais adaptações são sugeridas para a casa dos pacientes?

Izana Lopes: A casa é sempre verificada. Existe o que se chama de Home Care, que é planejamento do ambiente domiciliar. Devem ser usados tapetes antiderrapantes, barra de proteção nos banheiros, nas escadas, lixas nos degraus das escadas para que eles não fiquem escorregadios. Adaptações nos banheiros, adaptações para pacientes que precisam da cadeira de rodas, adaptações em talheres para os paciente que têm dificuldade de comer.



A Dra. Izana Lopes trabalha como terapeuta ocupacional na GERONTOCLIN e é membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

FONTE: saudeaqui.com

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