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sábado, 17 de julho de 2010

TECNOLOGIA REABILITADORA: ÓRTESES

Boa tarde,
Hoje na pós graduação tivemos aula prática de confecção de órteses. Uma aula pesada, mas muito produtiva. Vou postar um artigo resumido com esse tema.
Beijos


TECNOLOGIA REABILITADORA: ÓRTESES
Autores: Simone Maria Puresa Fonseca Lima, Jeanine Maria Linzmeyer, Prof. Dr. Danilo Masiero

RESUMO

O uso das órteses de membros superiores em consultórios, hospitais e centros de reabilitação, como recurso terapêutico na reabilitação vem aumentando nos últimos anos. A grande variedade de termoplásticos melhoraram em muito a qualidade das órteses, dispondo da sua forma mais plástica ou mais emborrachada para confecciona-las de acordo com a necessidade de cada paciente. Como material de baixo custo, em relação ao termoplástico, podemos utilizar o gesso sintético que apresenta boa resistência e fácil modelagem, ou ainda a atadura gessada.

No período de janeiro de 1996 a dezembro de 1999, na oficina ortopédica do Lar Escola São Francisco/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), foram confeccionadas 643 órteses em termoplástico para membros superiores, por terapeutas ocupacionais, com predomínio de órteses para pacientes neurológicos do tipo abdutor de polegar. No Setor de Terapia Ocupacional foram confeccionadas 600 órteses em atadura gessada e 83 em gesso sintético.

INTRODUÇÃO

O terapeuta ocupacional busca de diversas formas intervir para alcançar a recuperação funcional de pessoas com doenças e traumas diversos. A reabilitação dos membros superiores faz parte dos objetivos almejados e diversas técnicas, procedimentos e recursos são empregados. Estes arsenais requerem do terapeuta estudo e clínica nas áreas de anatomia, fisiologia, biomecânica e patologias diversas que acometem os membros superiores e hoje, através da especialidade em terapia da mão é possível ao terapeuta aprimorar e qualificar os seus conhecimentos. Diversos recursos podem ser empregados e as órteses incluem-se como de grande importância na recuperação funcional.
A confecção das órteses envolve diversas fases, em 1999 CHERYL & TROMBLY descreveram que elas vão desde a prescrição, o modelo planejado, a fabricação, a checagem, até o treinamento final para a utilização. 3 É necessário também, que o terapeuta esteja atualizado sobre os materiais existentes no mercado nacional e internacional, técnicas de confecção, reconhecer a indicação, contra-indicação e o custo versus o benefício da órtese prescrita para cada paciente.

WILTON & DIVAL (1997), determinaram 4 requisitos necessários à prática terapêutica das órteses que garantam o sucesso do resultado do produto a ser utilizado:

1. Conhecimento da patologia, anatomia e cinesiologia;

2. Conhecimento dos procedimentos e prática da intervenção terapêutica, onde a órtese é mais uma modalidade;

3. Conhecimento das propostas, funções e princípios que envolvem os modelos e confecção das órteses e

4. Habilidades técnicas e conhecimentos dos procedimentos para confecção da órtese.


Os mesmos autores ressaltaram que a proposta da órtese deve ser determinada para caracterizar adequadamente a intervenção, desta forma, a órtese poderá ser utilizada para:

1 - Imobilizar, estabilizar ou proteger áreas na fase aguda dos processos cicatriciais, cirurgias ou exacerbação da doença,

2 - Imobilizar, estabilizar ou proteger as áreas quando estão comprometidas em sua integridade por doenças crônicas.

3 - Proteger áreas que estão em risco de deformidades e encurtamento subsequentes a paralisias ou alterações de tônus,

4 - Otimizar o uso funcional dos membros superiores,

5 - Substituir musculatura paralisada e

6 - Corrigir deformidades.

O estudo, a compreensão correta dos princípios mencionados e a aplicação prática destes mesmos princípios, favorecerão extremamente o resultado final para benefício do usuário.

DISCUSSÃO

A utilização das órteses como recurso terapêutico tem se mostrado de grande valia na prática clínica do Setor de Terapia Ocupacional, tanto como coadjuvante para o tratamento de patologias ortopédicas quanto neurológicas de ordem central ou periférica.

Elas auxiliam no repouso e posicionamento do segmento, prevenção de deformidades e concomitando muitas vezes a função de executador para o deslizamento dos tendões.

A escolha do tipo de órtese e do material é criteriosa. Após uma correta e minuciosa avaliação do paciente diagnóstico, tecidos e estruturas acometidas, objetivos da sua indicação e contra-indicação é que o terapeuta intervém. Estas observações são discutidas amplamente por autores, como BREGER-LEE et al. (1991), CHERYL e TROMBLY (1995), FESS et al. (1988) e WILTON (1997).

Quanto aos materiais, foi eleito pelos terapeutas do Setor de Terapia Ocupacional o termoplástico como o melhor material, fácil de modelar a baixa temperatura, com alta resistência e com boas condições de acabamento, entretanto a aquisição do produto ainda é restrita devido ao seu alto custo e disponibilidade, pois são pouquíssimas as importadoras no Brasil.

Para os pacientes com lesões ortopédicas dos membros superiores a atadura gessada mostrou-se de extrema valia e com resultados compatíveis aos esperados. O custo inferior possibilitou intervir-se adequadamente com as órteses seriadas que objetivavam as trocas semanais, foi eleito o material de mais baixo custo financeiro e de fácil modelagem, porém de menor resistência e conforto.

O gesso sintético é um recurso de custo intermediário que pode ser utilizado muitas vezes em substituição ao material termoplástico com bons resultados clínicos, requer um treinamento extra para familiarização do terapeuta ocupacional. É o material que apresenta um grau de dificuldade maior no seu manuseio, recorte e acabamento.

A atadura gessada e o gesso sintético não permitem remodelagens e correções posteriores o que exige treino para familiarização do terapeuta com os materiais para evitar o desperdício desnecessário.

Para uma efetividade desde a indicação até o objetivo final que é o uso da órtese pelo paciente, devem ser considerados vários critérios já discutidos amplamente. Entretanto, torna-se fundamental a análise da real necessidade da órtese, o modelo indicado, os princípios biomecânicos envolvidos, cuidados na confecção, adequação da órtese as estruturas envolvidas e a educação do paciente quanto ao uso para auxiliar efetivamente na recuperação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acompanhamento do paciente que utiliza uma órtese como recurso terapêutico deve ser constante pelo terapeuta ocupacional, pois como parte integrante de um tratamento global suas indicações se modificam com a evolução do caso.

É importante salientar que o uso de uma órtese não substitui as terapias, sendo ela apenas um coadjuvante do tratamento.

Para a sua confecção é necessário aprimoramento constante do terapeuta, seja quanto ao manuseio dos diferentes materiais e ou da correta indicação. Os modelos preestabelecidos orientam o padrão de uma órtese em algumas patologias, entretanto a heterogeneidade dos traumas e deformidades nos membros superiores é enorme, exigindo do terapeuta ocupacional treinamento e aperfeiçoamento. Este princípios quando bem aplicados promovem o equilíbrio das órtese tornando-a adequada ao paciente, evitando-se os desequilíbrios desnecessários e lesivos. pois deve ser considerado que nem sempre as órteses seguem os modelos pré estabelecidos em função das variações anatômicas individuais e das alterações que advém de um processo patológico qualquer.

Este estudo permitiu concluir que o estudo, treinamento e a experiência clínica do terapeuta, são os verdadeiros referenciais na determinação da escolha dos materiais mais apropriado e que irão alcançar os resultados reais.

Artigo na integro em: Casa da T.O.

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